quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

poema oculto ou Ocultismo:


“Parece que existem em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxuleante” Bachelard

meu prazer
é descobrir
a sonoridade
oculta
das palavras

como almas curtas
extraviam-se
notas, sons
pausas longas
hão de nos dar
(inundar-se-á)
a devida inflexão (ou seria ambição?)
(ou seria visão?)

salvo sentença
deste dito
meu amigo
foste, eu, um esquilo
chamar-lhe-ia-me
grilo

deixar, faltar
interseções
para unidos
estejam, desejo
e imaginação

quem quando
dá-se à verdade
percebe engano,
engodo selvagem
infrutífera
irrealidade

quem colherá frutas entre espasmos e rãs?
espere-se as maduras
apodrecidas, te alcançarão!

Raphael Vidigal

Pintura: “Nu descendo a escada”, de Marcel Duchamp.

4 comentários:

Marco disse...

outra boa poesia

http://rocknrollpost.blogspot.com/

Fernanda disse...

Duchamp é próprio para ilustrar o texto, tão vanguardista que era. Gostei pacas da coloridice, da variedade, da loucura sã. Beijos, bons textos e sucesso no blog!

Alessandra Rezende disse...

Muito bom!!!

Quem busca verdades e se considera o responsável pela sentença do outro num mundo onde nada é certo nem contínuo nem verdadeiro?

Como buscar a verdade onde cada um tem a sua, onde todos iguais pensam e são diferentes?

Anônimo disse...

Pra quê procurar verdades se cada um tem a sua? Eu quero viver de mentiras, mentiras acreditadas

Alessandra Rezende