quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Espelho:


Prometi voltar, mas não voltei.
Encostei-me à parede em canto a remoer minhas tragédias.
A desgraça tomava conta dos pulmões e eu não reagia.
Já não tinha forças.
Eu era aquela água morna do chuveiro que não esquenta e pinga confortante por mais que você precise ser queimado.
Uma água densa me molhava em sangue.
A morte me seduzia.
Pesada, doída.

Porque você sempre deixa um conflito antes de ir embora?

Raphael Vidigal

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Amor de morte entre duas vidas:


-eu ás vezes acho que já sofri demais cara.sabe essa coisa?as pessoas acham que eu tô sempre alegre, rindo...
e eu na maioria das vezes tô mal cara.mal com a vida, mal comigo...
eu ás vezes acho que o meu corpo se acostumou com a dor...
ás vezes acho que vou acabar me matando...

-...eu também.queria te pedir desculpas por esse meu silêncio alto que me ataca nas noites de domingo e nas manhãs de sábado,mas é que eu sinto uma verdade interior que me mata...

-tudo bem cara.eu gosto de estar só quando tenho esta opção.

-sabe quando um gosto azedo e com caroço te vem à boca?não é fácil quando a gente sabe que não tem escolha.





Raphael Vidigal

Pintura: Estrela Azul, de Joan Miró.