sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Vidas duas entre morte de amor:



“E dei minha vida, momento a momento,
por coisas da morte.” Cecília Meireles

O homem endurecido
coração comido
alicate gangrenado
a beira do amor de morte



Raphael Vidigal

Pintura: “Thalia”, de Jean-Marc Nattier. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Vida:



“Trouxe a perdida alegria.” Manuel Bandeira

A Vida É Maior.
Nos Esmaga.
Que A Geme.

Abstrai
E obstrui.
A trai.

Raphael Vidigal

Pintura: “Retrato da Condessa Adéle-Zoé”, de Toulouse-Lautrec. 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Ama:



“Mas sinto que o coração se depura (é tão antigo falar em coração...)” Caio Fernando Abreu

Lama lema limbo
lona Lundu! 

Raphael Vidigal

Pintura: “Amor Sacro e Amor Profano”, de Ticiano. 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Margem:



“Ah, as promessas ocultas nas janelas! – frias e candentes no esplendor trêmulo de um pôr do sol no outono.” Truman Capote

A gente está se atendo muito à
Borda
E esquecendo o carteado, digo
Contendo (escondendo)
- Conteúdo!
Coleta colheita madura

Mas se sinto como ele ainda estivesse em mim,
em curso, interminável.
Lhe envolver e cair nos seus entre os meus, abraso.

Raphael Vidigal

Pintura: “A ponte de pedra”, de Rembrandt. 

domingo, 26 de agosto de 2012

Nasce:



“Um par de asas dança na atmosfera rosada. Silêncio, meus amigos. O dia vai nascer.” Clarice Lispector

Nada que digo escrevo, ou calo.
Estas transições são transitórias
São transigentes, também.
E hesitantes,
Oras.

A existência é a lembrança, há memória
No esquecimento
Coisas deixam
De ser.

É um livro pueril, ingênuo, com rompantes de loucura.

Guarda estas palavras que te dou,
No coração marejado onde navega nosso amor
Ingênuo, aflito, sem escrúpulos
Com rompantes de loucura!
Amo porque amo, pétala de rosa, você, cristalzinho de ouro.

Aquiescência.

Raphael Vidigal

Pintura: “O Nascimento de Vênus”, de Botticelli. 

sábado, 25 de agosto de 2012

Soneto do amor prefeito:



“Rosa, ó pura contradição, alegria
De ser o sono de ninguém sob tantas
Pálpebras” Rilke

Quem provar a minha inteligência
Achará as outras parcas
Não pela força;
Mas pela graça

Raphael Vidigal

Pintura: “Mulher de combinação rosa”, de Burle Marx. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Sob o efeito:



“a beleza é o início do terror que podemos suportar” Godard

Onde
Quer
Que
Você
Esteja
O
Que
Será
De
Nós
?


Raphael Vidigal

Pintura: “Metropolis”, de Grosz. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

William Blake:



“Caminharemos a noite toda por solitárias ruas? As árvores somam sombras às sombras, luzes apagam-se nas casas, ficaremos ambos sós.” Allen Ginsberg

Adentrou o açoite
Com claros olhos
Luzes da manhã

Tigre alaranjado
De tiras pretas no dorso
Enfiando a maldição no dentro
Rasgou palmeiras verde-escuro
Mundano nu pêlos e peles de gente.

Raphael Vidigal

Pintura: “O tocador de alaúde”, de Caravaggio. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Me recuso:



“Ponha um arco-íris na sua moringa” Paulo Leminski

Me recuso a ser esse modelinho
Mal passado de
Músculos e ombros
Medidas e cabeças no ferro de passar
Cuca fresca coração quente
Onde a mentira perde importância e a
Verdade ganha impotência, espaço
Me recuso
Com o me antes do re ponto

Raphael Vidigal

Pintura: “Auto retrato com halo”, de Paul Gauguin.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

3:



“- Antônia, você é engraçada! Você parece louca.” Manuel Bandeira

Gosto de trabalhar desobrigado,
Prefiro a visão do lado de lá,
Cumprimento no ar.
(cheiro desagradável)


Raphael Vidigal

Instalação: Obra da Escultora Doris Salcedo. 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Escarafunchar?



“É por um mecanismo de desastres,
Uma engrenagem com volantes falsos,
Que passo entre visões de cadafalsos
Num jardim onde há flores no ar, sem hastes.” Fernando Pessoa [Álvaro de Campos]

Em um gesto estúpido
Passei atrás da banca
Como os bancos atroz do atraso
Atrozes do atrás.

Nota?
Não estou aqui para ser
Notado
Note book
Notável é aquele que sabre ser preso.

Raphael Vidigal

Pintura: “Mulher sentada com joelho dobrado”, de Egon Schiele.

domingo, 12 de agosto de 2012

Diálogo do camponês com a moça pobre:



“O sábio procura a sabedoria, o tolo encontrou-a.” Georg Lichtenberg

Por que rechaças a inutileza
Das coisas sensíveis e leves?
Belas e indefesas?
- Não servem para nada.

- E o que queres tu?
trabalho.
- Por quê?
ganhar dinheiro.
- Para quê?
montar cavalo.
- E o que mais?
conquistar o mundo.
- Só isto? Este redondo?
e qual mais haveria de ser?
- Para ter prazer, afinal?
Sim.

Eu te digo do alto das coisas de quem as conhece,
Elas não valem nada

Quem te pressiona contra o peito, é tu mesmo!
pretérito Imperfeito!

Raphael Vidigal

Pintura: “A Caminhada Para O Trabalho”, de Jean Millet.

sábado, 11 de agosto de 2012

Professorado:



“Entre dentes
não maldizia a distração
elétrica, beleza ossuda
al mare. Afogava-me.” Ana Cristina Cesar

A apreensão
pega ou imobiliza?
move ou cospe?
cristaliza ou morre?
A apreensão,
sofrida.

Raphael Vidigal

Pintura: “Os Jogadores de Cartas”, de Cézanne. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Rabisco de papel:



“Se acaso já esqueceram,
Ou estão agora esquecendo,
Ou se jamais relembraram –
Melhor é não saber.” Emily Dickinson

Fiz uma poesia
Involuntária
Um rabisco de papel
Agrário
Agradeço,
Graça,

Abraços.

Raphael Vidigal

Pintura: Obra de Modigliani.