segunda-feira, 25 de agosto de 2008


Você é o que você come (?) :
-Glória,Glória,Aleluia
!


Prodígio já nasceu chorando.
Não queria aquele nome.
Glória, sua mãe, prontamente o repreendeu.
E ele nunca mais chorou.
Quando completou um ano de idade pediu de presente uma mamadeira.
Ganhou um saboroso McLanche Feliz.
Aos 2 entrou na escola.
Seu melhor amigo era Nelson.
Fofocava com Guimarães.
Aos 3 quis ter um gato.
Ganhou um cachorro.
Queria chamá-lo Raul.
A mãe o chamou Jobim Tom.
Aos 4 chegou ao Exército.
E experimentou de tal liberdade.
Aos 5 resolveu ser pintor.
Fez vestibular pra Direito.E passou.E cursou.
Aos 6 foi brincar de médico com Mário.
Sua mãe não gostou.
E com Maria então ele brincou.
Aos 7 quis ser solteiro.
E começou a namorar.
Com quem ele nunca soube.Mas era mulher de respeito.Era tolerante e bela, lhe disse uma vez sua mãe.
Aos 8 queria ser virgem.
E pela primeira vez transou.
Aos 9 ele engravidou.
Na mesma hora casou.
Nasceu seu primeiro filho: Pablo, ele batizou.
Pela mãe era Salvador.
E pelo cartório também.
Aos 10 se divorciou.
De quem jamais se lembrou.
E nem com quem recasou, dessa vez sem nenhuma igreja.
Aos 11 era contra as drogas.
Ouvia o Planet Hemp e bebia (Coca) e cheirava (Cola) e fumava (Bobs).
A mãe o acompanhava.
Aos 12 era homem fiel.
E dormia com amantes.E sonhava com elefantes.
Já amava N. Rodrigues de muito antes.
Aos 13, Respeitado Advogado, detentor do conhecimento dos Direitos e Deveres do Homem.
Sabia lições de Moral.

Que ele nunca lecionou.
Aos 14 então já cansado, finalmente Prodígio morreu.
Viveu homem e morreu menino.
A causa diagnosticada: stress prematuro e infantil.
Sua mãe lhe deu um Câncer.
Prodígio então partiu.Queria era ser cremado.
E enterrado ele sorriu.
Glória,Glória,Aleluia!


Raphael Vidigal