sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Fazer o que se espera?


“O movimento das rodas me desanuvia os tendões duros. Os navios me iluminam. Pedalo de maneira insensata.” Ana Cristina Cesar

Alumbraram o deslumbramento
Pede passagem
Assim sem linguagem
Sintaxe do ser
Sentido nicho
Barriga do umbigo

Pectíneo!

Uma a uma
Todas as pessoas
(primeiras, segundas, terceiras)
Eu desapontei.

Raphael Vidigal

Pintura: "Series I, No. 3", de Georgia O'Keeffe.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

maior sentimento:


“Abraça tua loucura antes que seja tarde demais” Caio Fernando Abreu

No riso e na lágrima
Na bonança e na tempestade
Tenho por você o maior sentimento
Que constrói
E renasce
Sem nunca ser destruído
Nem morrer jamais:

AMOR

Raphael Vidigal

Pintura: Rapariga com brinco de pérola, de Vermeer.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Canto:


“A rosa não tem porquês.
Ela floresce porque floresce.” Ângelo Silésio



O coelho que gosta de canto
É o gato que gosta de canto
É o cachorro que gosta de canto

O canto do pássaro é o outro canto
Do coelho, do gato, do cachorro

Um se esquiva, nas quinas
Outro amostra, nas notas


Pintura: Três bocas molhadas, de Hans Arp.

Raphael Vidigal

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Surpresa:


“Cante-me um arco-íris, roube-me um sonho” Tom Waits

Quando enfim morrermos
Quem se surpreenderá?
O ateu que não acreditava?
Ou o crente que esperava?


Ilustração: “A Cigarra e a Formiga”, de Gustave Doré.

Raphael Vidigal

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Título auto-explicativo: A Eternidade Das Palavras (Maleáveis) Frente À Transitoriedade Dos Gestos (Rijos)


“o cravo brigou com a rosa”

Tom Zé
Jards Macalé
Arrigo Barnabé

Quem com verbo fere com ferro será ferido
Quem com ferro fere com verbo sairá ferido

Barnabé
Macalé


“o cravo saiu ferido, e a rosa despedaçada”

Raphael Vidigal

Pintura: Obra de Guignard.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Um profundo abatimento II: uma certa fome


“Se a natureza não é contra nós, também não é por nós.” Herman Melville

Esse velhinho
me perturba
Esse velhinho
da rua
Esse velhinho
sem nome
novelinho
que daqui a 80 anos
já estará morto.

Pintura: “Dois velhos comendo sopa”, de Goya.

Raphael Vidigal

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Navegar:


“Uma teoria pode provar sua própria consistência se, e somente se, for inconsistente." Gödel

Nessa enxurrada
Saber nadar
É um perigo
Saber surfar
É um cuidado...... navegar é precioso.


Imagem: Reptiles, de Maurits Cornelis Escher.

Raphael Vidigal

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Dedicação:


“Quem faz um poema abre uma janela.” Mario Quintana

Sou homem/mulher de relatos curtos
Não há demérito nenhum nisso
Mario também o era
Apesar da pretensão que tenho,
de ser Clarice

Edson Cordeiro
Edy Star
Lennie Dale
Ciro Barcelos

Guzzy muzzy!

Quero ser como vocês.

“procurei escancarar ainda mais a janela já toda escancarada, e procurava respirar, ainda que fosse respirar de uma amplidão visual, eu procurava uma amplidão.” Clarice Lispector

Pintura: “O Quarto Vermelho”, de Henri Matisse.

Raphael Vidigal

sábado, 8 de outubro de 2011

Iluminação ou Prefácio:


“O autor é um pobre idiota, um medíocre, vive no acaso e no risco, desonrado como uma criança. Reduziu sua vida à melancolia e ao ridículo de um ser que sobrevive degradado, sob a impressão de ter perdido alguma coisa para sempre.” Pasolini


Me Ensina Dançar Como Lennie Dale
E A Morrer Como Charlie Chaplin
E O Canto De Billie Holiday
E A Extravagância Que Vezenquando Nus Ilumina Seres Humanos


Pintura: “O Navio Negreiro”, de William Turner.

Raphael Vidigal

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

cenário gestalt:


“Era uma atmosfera de exaustão luxuosa, como uma rosa em flor perdendo as pétalas” Truman Capote

tudo ofertado resta saber pescar no cenário canário belga-irlandês-pátriamada.

A arte te
tira do
conforto.
O problema do ingênuo é o Incômodo (ser pretensioso.)

O problema da ingenuidade é ser pretensiosa.

É impressionante como o ser humano é ridículo
E ainda assim
Não tem humildade

Gestos externos
compensam (a fraqueza) de intentos internos
disso faz-se troça faz-se troço
dá-me troco

poesia é força
das
palavras
ou
ego frágil

Entre a idéia e a ação
há um desmanche
há um deslize
há um desfalque

a gente sabe quando vai morrer
ou a gente sabe quando está morrendo?

Deus ex machina

Música: “Dança das Horas”, de Ponchielli.

Pintura: “Maurice de Vlaminck”, de André Derain.

Raphael Vidigal

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Contemporaneidade:


“A moral moderna consiste na aceitação das normas da época. Mas para um homem culto aceitar as regras de seu tempo é a mais grosseira das imoralidades.” Oscar Wilde

Cabeça dura
Quebra
Con gelo
Mão de ferro
Cura
Anestesicamente
Unha de fogo
Pára
O trânsito
De animais silvestres
Que aqui se instalam
Assustados
Com qualquer
Nova idade média moderna ou
Conterrânea.

Pintura: “O Jardim das Delícias”, de Hieronymus Bosch.

Raphael Vidigal

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Novos suportes:


“Me levanto com dignidade, subo na pia, faço um escândalo, entupo o ralo com fatias de goiabada.” Ana Cristina Cesar

Internet campo de isolamento dita dor
TV e rádio campos de contato ditatoriais
Em tudo impera a ditadura
Onde há espírito corrompido
Por ácidos imperais empresariais republicanos
Só a anarquia pessoal modifica os parâmetros suportes colchões colchonetes camas
beliches duas salas chão de esquinas
onde vamos deitar os lençóis que envolvem a pele já cheirada de azedo


Pintura: “Symphony No.1, The Transcendental”, de Richard Pousette-Dart.

Raphael Vidigal