sábado, 21 de janeiro de 2012

A travessia:


“Mentem demais os cantores!” Homero

A travessia
Rumava longe
Nos corredores
Rumava quente
Nos abajures
Rumava
Sempre

A poesia
rumava perto
dos abutres
um rumo incerto
sem temperatura
pulava ao mar
partia ventres
e então chorava:

vim para dizer o nada
vim para te pedir todo
vim porque venho
e portando,
parto

Raphael Vidigal

Pintura: “Mercadores”, de Lasar Segall.

4 comentários:

Unknown disse...

Linda poesia mano e parabens pelo blog.

Seguindo

Abraços do Cabeça de Formiga

Alessandra Rezende disse...

Adorei a conceituação e imagem de travessia!
Travessia da poesia na mente e numa luz se teve em versos perfeitos ou quebradiços...

E a poesia é limpa, é aquilo, sendo compreendida ou não, é sentida.
Sentida com sentidos ou sem eles... ou um sexto sentido.

Pedro Henrique Ramos Costa disse...

Gostei muito desse poema. Ficou parecendo um ciclo. Ou algum tipo de missão ou FUNÇÃO do eu lírico: de ir e vir. E de partir coisas ao meio. Ou simplesmente de particionar as coisas, as palavras, os sentimentos...

Muito viajante!

Marco disse...

a pintura e a poesia são legais

http://rocknrollpost.blogspot.com/