terça-feira, 2 de agosto de 2011

Hermético:


“Eu não te darei carinho nem afeto
Mas pra te abrigar podes ocupar meu teto
Pra te alimentar, podes comer meu pão.” Lupicínio Rodrigues


A copa das árvores agasalha
Minha cabeça
E eu não gosto

Mas eu não posso fazer nada
Se o mel das abelhas me convém
E eu sou fácil

Qualquer um me lê
Qualquer um me vê
Eu sou fácil

Não há índios exterminados
Nem anjos descendo de estrelas coloridas
O suicídio ecoa em sinais distantes

São ecos cruzados, de um tempo sem consoante
Onde somente as vogais
Tinham voz tolerante

E há de me dizer hermético
Aquele que for ao mesmo
O brilho eco vazio de estrelas exterminadas
Na copa daquela árvore
Que nenhum cavalheiro assombra
E onde as abelhas
Já produzem mel
Para as mariposas fundamentais
Da história do ciclo geral
Do que se colocou chamar
Humanidade

Vale a pena que pena depende da tinta

E eu estou com vontade de coisas bonitas!

A copa das árvores
Me engole
E eu já não assumo só [Luiz melodia]

Raphael Vidigal

Imagem: Waly Salomão!

Um comentário:

Guilherme Augusto disse...

Cara... sensacional a citação...

:)

seu poema também é muito bom...