
“Porque a ausência, esta ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.” Carlos Drummond de Andrade – Com o pensamento em Ana Cristina
O que foi que deixou em mim que não me deixa seguir em frente, perseguir a vida, ser feliz?
Em um o outro momento sempre me bate essa tristeza, essa saudade, essa espécie de morte em vida.
Sempre em mim. Mesmo que morta, distante, sem notícias.
A me perseguir pelo resto da vida, como um fantasma.
Talvez a chuva contribua para isso.
Eu nem sei onde você está, quem você é.
Foi ou será?
Ás vezes eu acho que prefiro estar triste, que eu a perigo, a persigo.
Todo esse vazio em volta entra no meu ouvido, me diz coisas horríveis.
A impressão de que todas as pessoas estão distantes, esquecidas, frias.
“Preciso tanto...!” me grita Ângela Ro Ro no ouvido. Preciso tanto de você, dos meus amigos, de querer estar comigo.
Tudo isso que a gente pensou que era eterno, não existiu.
E a gente pode morrer a qualquer momento.
Não tem a ver com estar sozinho, tem a ver com estar com medo, desprotegido.
E assim nasce aquela vontade de chorar como um bebê, encolhido em seus braços que nunca mais me tocaram, nunca mais tocarão.
Toda estrela que cai é porque um dia esteve no céu.
Raphael Vidigal
Pintura: Enchantment Vesperal, de Marc Chagall.