domingo, 22 de agosto de 2010

Num deserto:


“O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre.” Adélia Prado


Sentei ao seu lado mais por acaso que por alguma intenção direta.
Eu não sabia quem você era nem fazia idéia de em quem iria se transformar.
Eu te olhei como olhava sempre qualquer pessoa ao meu lado.
Só que dessa vez senti uma emoção diferente um brilho se partiu e um coração se juntou.
Senti uma emoção diferente que me deixou meio brilho partido de olhos puxados coração colado.
Coração que cola me chama amor.

Raphael Vidigal

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Segredos:


Escafandristas é uma palavra bonita.
Parece jóia quando se está magoado.

Ás vezes eu tenho a impressão de que está tudo se repetindo.
Que a gente passa mais tempo indo do que chegando.

Coração não tem calendário.

Mas quer saber duma coisa?
Eu sou misterioso mesmo, mas com você consegui revelar (até para mim) meu verdadeiro eu, (ou seja lá o que for isso) meus segredos.

“É melhor se sofrer junto que viver feliz sozinho.” Vinicius de Moraes

Raphael Vidigal

Pintura: Flores no Vaso de Cristal, de Manet.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Deja:


Eu sou a favor do amor
Eu sou contra a covardia
Eu deixei de ser cético

Mas não deixei de sofrer
Passei a acreditar que o sofrimento
Pode se entender com o amor, sem pressa

Raphael Vidigal

Pintura: Lilacs in a Window, de Mary Cassatt.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sentimento:


"Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.” Caio Fernando Abreu

Ás vezes a gente tenta se encaixar mas não é aceito.
E a gente se encaixou perfeitamente.
As pessoas especiais são frágeis, mas têm medo de não serem aceitas.

E me voltam as súplicas atendidas de Truman Capote, interminadas
como algumas almas.

Quanta coisa já se fez sem sentimento nenhum
Que agora é hora de ser só sentimento.

Raphael Vidigal

Pintura: Louise che allatta suo figlio, de Mary Cassatt.

sábado, 31 de julho de 2010

Brisa:


"Aqui faz muito calor.
No Nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa:
Vamos viver de brisa, Alessandra.”


Quando tudo aconteceu nosso mundo sentiu no peito.
E eu digo nosso porque há muito suas estrelas que formam as três marias pontilham meu céu laranja.
Nossas estrelas deitados no chão esparramando vodka com gatorade contando com alegria os defeitos.
Nosso céu laranja deitados na poltrona aconchegante de um lugar só nosso com fundo de cachoeira.
Nossos corpos deitados no sofá cama enquanto nossos sonhos se entrelaçavam, a água molhava e você cantava aquele poema pra mim.
Aquele poema da brisa que mesmo errado me pareceu o mais bonito.
Quando tudo aconteceu nosso mundo sentiu no peito.
Pensou-se em assassinatos, suicídio e casamento.
Pensou-se em tudo isso, mas principalmente em casamento casa família bebê amor.
Quando tudo aconteceu machucou.
Mas em nenhum instante nossas estrelas murcharam, nosso céu perdeu a cor, nossos olhos perderam o brilho de oásis encontrado em almas desertas.
Água límpida que só se encontra lá.
Nosso mundo.
Porque o nosso mundo é frágil e corajoso.
E se entrega e sangra e chora mesmo que seja muito difícil.
Entre nós acaba sendo o mais fácil.
E deixa-nos mais leves, mais limpos e prontos para seguir adiante com nosso amor até alcançar as estrelas que pontilham o céu laranja. O poema da brisa. O filme na pousada. A água do chuveiro.
Porque o nosso amor somos nós.
Risos, dores, beijos e planos.

E assim nos damos diariamente.

Raphael Vidigal

Foto: Charlie Chaplin, onde tudo começou.

“Mas teu prazer entende o meu.” Clarice Lispector