sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ouro nas mãos (poema):


“O Amor, ah o Amor! O quero porque quero da vida.” Oswald de Andrade

O amor é uma COISA que precisa ser cuidada
E a gente constantemente se descuida do Amor
Porque, se você mudou comigo,
Porque a minha arrogância não me deixou perceber que eu mudei com você?
Se você se apaixonou pelo meu lado mais Doce
Mais Puro e mais Extravagante (Exagerado até o fio da meada e o meio da fiação)
Porque se tudo isso é a nossa maior Verdade
A gente deixa a crosta do medo soerguer-se sobre a Vida?
Acomodei-me. Tornei-me preguiçoso, indiferente, ranzinza e deixei de lado
A água que para fluir é Natural e precisa de Força e Vontade
Não adianta as pessoas dizerem que eu sou apaixonante se eu não lhe mostrar o meu
Galanteado, meus bons tratos com as palavras, minha Alegria, meu Riso, a Criança que
Habita feliz o meu destino! (E assim nos damos)
Lembrei-me de sua inteligência que assusta e descobri que o Espanto é Beleza
Veio do seu canto a palavra: Seduzi-la.
Sem dramas é que o pior já passou, sem trevas, sem tristeza
Mas na manhã iluminada desse dia novo.
Uma Maravilhosa Coragem cobriu-me de Prazer e Ingenuidade, Vontade, Vontade,
Vontade de ser Feliz e curtir a tarde,
Proporcionar-lhe o meu Colo e a minha Insanidade,
Todos os meus jeitos mais Puros e mais Fortes
Arriscar a vida em troca do Amor.
O amor é uma COISA
Que precisa ser cuidada
E a gente constantemente se descuida do Amor

Faço um convite, jogo-me no escuro
A coragem é minha companheira.

Vou-me embora pro Topo do Mundo
Viver de brisa com a minha flor.

Esse ouro nas mãos.


Do seu admirador mais que não secreto,


Que o perfume das flores nos encharque,

Raphael Vidigal


Pintura: “Model in Backlight”, de Pierre Bonnard.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Mistério:


“I don´t believe in yoga
I don’t believe in mantra
I don’t believe in God
I don’t believe in Freud
I don’t believe in drugs
I don’t believe in sex
I don’t believe in Beatles
I just believe in me” John Lennon


Eu não posso desvelá-lo por inteiro
Eu não quero
Há de haver algum lugar
Para o mistério

Não assumo o papel de detetive
Nem existe
Uma resposta
Que por si só, seja falsa
Verdadeira
Ou sublime.

Raphael Vidigal

Pintura: “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pesca:


“Montadas num carro de fogo
elas foram para uma praia deserta
e ficaram por lá, pescando mariscos.” Henrique do Valle


Lisa
Retorcida
distração
do ofício

Isto
De estar
Atento
às iscas
Que descaem

dos anzóis.

Raphael Vidigal

Pintura: “O belo pássaro decifra o desconhecido a um par de amantes”, de Miró.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Doce senha:


“Na quermesse da miséria,
fiz tudo o que não devia:
se os outros se riam, ficava séria;
se ficavam sérios, me ria.” Cecília Meireles


Sua docência
Era ensinar-los a decência
Pois é grande a decadência
Que assola nossos lares

Em dias com poucos pares
Muitos ímpares se fazem
E afinal toda essa sanha
Vê no doce alguma senha
(uma destreza que resguarda)

A combater o amargo
Que revigora os incautos
Enternecidos de sapatos
Que não se calçam
Nem retornam à velha caixa
Assumida em seu armário.

Raphael Vidigal

Pintura: “A Frota Dentro!”, de Paul Cadmus.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Artesanato:


“É fatal ser um homem ou uma mulher pura e simplesmente: deve-se ser uma mulher masculinamente, ou um homem femininamente” Virginia Woolf

Forma pura
disforme

Tronco firme
balança

Mãos de velha
enlaçam

as armadilhas
Do artesanato

Raphael Vidigal

Foto: de Miguel Rio Branco, “Caetano Veloso”.