sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Trejeitos


O poeta dorme tarde.
E só acorda depois das nuvens.
Nada o tira da cama.
Antes do tempo das uvas.
É só com a parreira farta.
E o cálice gordo de água na boca,
que o poeta, no vagar de um gato,
começa a espreguiçar pelos braços.
Logo em seguida confere o relógio de bolso,
(o seu tempo é sempre outro)
e chega a uma conclusão inafiançável:
haverá mais tempo de uvas.
Melhor permanecer de pijama.
E abraça o travesseiro como quem captura sonhos.


Raphael Vidigal

Imagem: foto de Primavera das Neves.

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