sábado, 2 de setembro de 2017

Delinquência


Ai meu Deus...
Sejamos menos obtusos!
Porque não arranhar as paredes
Com nossas garras de esmalte e cigarros?
Pelo gargarejo matinal (e até sardônico)
Cuspamos as saliências protocolares
Para que as coisas obsoletas
Permaneçam em nossa garganta...
Delas estejamos livres,
Para viver apesar de tudo
E não sobreviver com um tartamudeio
surdo...
Ai meu Deus...
Sejamos a cápsula do futuro!
Aquela que, vazia, através de um furo...
Deixa transparecer suas entranhas ao fundo
E nela se veja um espelho que só reflete o nosso miúdo.


Raphael Vidigal

Pintura: Obra de Rosalyn Drexler.  

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