sexta-feira, 9 de maio de 2014

Doce de mãe


Mãe,
Não me peça uma palavra
De fruta, talher e cozinha,
Eu descasco e nem a água,
É capaz de lavar essazinha.

É possível que a essa altura,
Espreitando em meio às formigas
A palavra como açúcar
Se derreta e adoce sozinha.

Pois, mãe, o amor de um filho,
É grande e inexplicável,
Quanto maior o amor,
Pior
A palavra não explica,
Mais turva é a poesia

Foge como formiga
Escapa como água
Cai como batata
Explode como mexerica!
Dos mesmos pés que no ventre
Chutaram essa barriga.


Raphael Vidigal

Pintura: "Virgem e a criança", de Cesare Vecellio. 

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