segunda-feira, 11 de março de 2013

Pétala



Proponho que a gente nunca mais se fale...
            A palavra gasta mostrou-se artifício inócuo na procura vã de uma compreensão
            Uma forma de inteligência defasada: a palavra.
            Proponho o silêncio absoluto.
            O mais amplo de todos os silêncios ouvidos.
            Entre duas desérticas almas nem o pingo do oásis imaginário irá soar.
            Somente o reflexo de duas conformidades tocando-se no escuro, na sombra, na ilusão, no desconhecimento contínuo e inalterável:
            O sonho.
            Escutei essa profecia
(dormindo).
            Tua boca tocou a minha: papoula, polpa, fruta: escorrendo, líquida, indescritível. Silenciosa.
            Acordei, vesti pijama.
            Somente senti-la – não pensar, nem tergiversar, muito menos: dizer.
            Como uma rosa desfolhando-se, uma pétala.
            Abrindo-se:
           
            Raphael Vidigal 

Um comentário:

Anônimo disse...

"Pétala" linda demais!! Nu!!!

Gabriela Schetini