quinta-feira, 21 de julho de 2016

Mondrian


Entre o azul, o amarelo e o vermelho,
Um olho negro. No meio do medo, a
Flor geométrica. Sem parênteses, livre
Dispersa, toda a natureza bonina das

Minhas missivas jamais entregues na
Revolução de 1930, ou quando os por-
tugueses levaram as primeiras especia-
rias para terras de reis e rainhas e rubis.

Debaixo da árvore, a minha caveira, na
Lápide imersa o meu primeiro e último
Medo: a flor geométrica, lívida, sem par-

ênteses, presa pelas próprias pernas, as
raízes duma vida entorpecida, absurda, e
tão bela, porém desfeita de sentido: singela.


Raphael Vidigal

Pintura: Obra de Mondrian. 

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