Ai
meu Deus...
Sejamos
menos obtusos!
Porque
não arranhar as paredes
Com
nossas garras de esmalte e cigarros?
Pelo
gargarejo matinal (e até sardônico)
Cuspamos
as saliências protocolares
Para
que as coisas obsoletas
Permaneçam
em nossa garganta...
Delas
estejamos livres,
Para
viver apesar de tudo
E
não sobreviver com um tartamudeio
surdo...
Ai
meu Deus...
Sejamos
a cápsula do futuro!
Aquela
que, vazia, através de um furo...
Deixa
transparecer suas entranhas ao fundo
E
nela se veja um espelho que só reflete o nosso miúdo.
Raphael Vidigal
Pintura: Obra de Rosalyn Drexler.