Chega a
ser triste que a gente tenha que partir,
que a
morte, essa palavra anônima e desconhecida para os que ficaram
venha a
carregar sem colo objetos inanimados, datas, conjunções, olhares
e
passe, insípida e insipiente, por nossas existências que um dia lhe pertencerão
para a eternidade. Chega a ser triste que não mais haja a foto,
não
mais o aniversário, vazio se torne o abraço, os corpos tremulem não por amor,
nem de felicidade, apenas como as bandeiras das ruínas gregas que se consolam
por haverem envolvido a beleza ungida no abandono e na saudade. Chega a ser
triste como uma palavra em sânscrito riscada do dicionário...
Raphael Vidigal
Pintura: Obra de Gorky.
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