segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

câncer


diante da morte
eu sinto medo
eu tenho enjoo

diante da morte
desapareço
como num sonho

diante da morte
vejo o reflexo
de um outro rosto

diante da morte
não há poema
só há o esgoto

diante da morte
meu pensamento
é sempre pouco

diante da morte
a vida clama
mais uma chance

diante da morte
estou humilde
eu estou mudo

diante da morte
sou sem manias
sou sem rancores

diante da morte
que se percebe
que se mergulha

diante da morte
todo silêncio
é uma fagulha 


Raphael Vidigal 

Pintura: Obra de Goya.

Nenhum comentário: