Só sei que
nada sei
Diz o
filósofo grego
Só sei que
ignoro tudo
Diz o
filósofo turco
Só sei do que
desconheço
Diz o poeta
barbudo
Só sei do que
não entendo
Diz a poetisa
sem modos
Só sei que o
arco é cinza
Só sei que o
fogo é brando
Só sei que o
gelo queima
Só sei que o
amor envolve
Só sei que o
silêncio é lã
Só sei que o
barulho é grão
Só sei que
houve essa manhã
Não sei se
amanhã virá
Mas tu que
soubeste tudo
Tu, sábio
ignorante
Em coro
desafinado
Coro do Deus
Tupã
Só sei que o
poeta é burro
E o filósofo
puxa a carroça.
Só sei que
nada sei
Só sei que
ignoro tudo
Só sei do que
desconheço
Só sei do que
não entendo
Só sei que o
amor é brando
Só sei que a
lã envolve
Só sei que o
arco queima
Só sei que o
silêncio é grão
Só sei que o
barulho é cinza
Só sei que
houve esse amanhã
Não sei se a
manhã virá
Diz o poeta
sem modos
Diz a poetisa
barbuda
Diz o
filósofo grego
Diz o
filósofo turco
E todos
eternamente
Vão repetindo
em conjunto...
Raphael Vidigal
Escultura: "O Pensador", de Rodin.
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