quinta-feira, 23 de junho de 2016

Feitiço


Começa a dar-me o sono
Formas das mais diversas
Os  opróbrios de um corcunda
As glórias de um Príncipe Persa

Primeiro conquisto a cigana
Depois  a Princesa da Pérsia,
Bem antes que eu me aprisione
O sol desprende as arestas,

Acorda-me ao que me resta;
Nem Príncipe nem corcunda,
Nem Quasimodo ou Farnésio,
Apenas um reles poeta.

O feitiço retorna ao cálice,
Recrudesce em botão a flor,
Há guizos em meu chapéu.
Um bobo da corte, bufão das estrelas...


Raphael Vidigal

Pintura: Obra de Frans Hals.

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