quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Ode para García Lorca



Sei que o poeta tombado
No chão de cimento
Ainda não está morto.

Sei que o poeta morto
Aniquilado no regime
Franco; ainda se move.

Sei que o poeta dos anjos
O poeta dos índios, ciganos
E dos signos das crianças

Sei que este poeta
Embora esteja morto
De nome García Lorca

Apaixonado pelo Salvador
Das artes; e por outros,
Sei que este poeta

Morto; me salva da morte
Ao me escrever na parede
Com o sangue das ameixas,

Das frutas de sua cidade,
Com figos, peras, cachos

De uva e pão fresco da tarde.

Raphael Vidigal

Imagem: foto do poeta espanhol García Lorca. 

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