O
poeta dorme tarde.
E
só acorda depois das nuvens.
Nada
o tira da cama.
Antes
do tempo das uvas.
É
só com a parreira farta.
E
o cálice gordo de água na boca,
que
o poeta, no vagar de um gato,
começa
a espreguiçar pelos braços.
Logo
em seguida confere o relógio de bolso,
(o
seu tempo é sempre outro)
e
chega a uma conclusão inafiançável:
haverá
mais tempo de uvas.
Melhor
permanecer de pijama.
E
abraça o travesseiro como quem captura sonhos.
Raphael Vidigal
Imagem: foto de Primavera das Neves.
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