O
quarto dele está vazio.
E
não voltará a ser preenchido.
Pende
a roupa sobre o cabide.
Sustenta
o algodão ainda limpo.
No
chão não existe mistério, permanece
o
azulejo incólume e frio.
Ainda
que bolinhas de poeira voem até
as
paredes, que elas toquem o armário aberto
nada
indica que pela porta aberta ele entrará
no
quarto vazio.
Pende
a roupa sobre o cabide.
Sustenta
o algodão ainda limpo.
O
chão sem mistério é incólume e frio.
Bolinhas
de poeira voam até as paredes a partir do azulejo
Incólume
e frio e alcançam o armário aberto
aonde
pende uma roupa sobre o cabide.
A
porta vazia nada recebe, ninguém a encosta nem fecha.
O
quarto dele está vazio.
E
não voltará a ser preenchido.
Embora
haja nele um tempo infinito.
Raphael Vidigal
Pintura: Obra de Edward Hopper.
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