Saudade do toque
Da sua pele.
Seu cheiro de leite,
E teu aroma de nuvem.
Saudade da boca
De pêra,
Da tua língua de almíscar.
E teu sabor de anteontem.
Saudade de dividir
O chuveiro.
De se molharem dois corpos,
E dividir nossos sonhos.
Saudade de persistir
No teu corpo,
De erigir monumento
Ante o teu busto de amor.
Saudade de invadir os terrenos,
De lhe doar territórios,
De ser mulher e ser homem.
Saudade de ser senhor da sua guerra,
De ser escravo do teu chicote,
Me ajoelhar na penumbra.
Saudade de invadir a caverna,
Soltar as redes e as manivelas,
Molhar a língua na concha.
Saudade do que passou e permanece,
Como quem sai para o mar,
E tem o sal pela boca.
Raphael Vidigal
Pintura: obra de Manet.
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