sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Frutas:
“não tenho
mágoa
meu peito é de
sal de fruta
fervendo no copo
d’água” Tom Zé
Essa mulher riu pra mim
na rua.
Essa mulher com frutas
nos olhos
e legumes nas sacolas.
Sem perspectiva de um
abraço reconciliador,
flores mergulham do céu,
(como um visgo abraça a dor)
Raphael Vidigal
Pintura: “Flora”, de Giuseppe Arcimboldo.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Cruzes:
“Dá-me a tua mão desconhecida, que a vida está me doendo, e não sei como falar – a realidade é delicada demais, só a realidade é delicada, minha irrealidade e minha imaginação são mais pesadas.” Clarice Lispector
Madrigal de cruzes
Na tua passagem
Gritos, malabares
Enfileiram luzes
E é só o sumiço
De um eterno baile
Sobe paraísos
Nas cartas em braile
Raphael Vidigal
Xilogravura: “Capela São Francisco”, de Armando Almeida.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Aglaia:
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Química literária:
“E a matéria mata.” Manuel Bandeira
A Química Me Parece Tão Mínima
Ante Da Imensidão Das Palavras
Pois Se Da Pira Extrai-se Um Átomo
Na Literatura Recolhe-se Um Átimo
E És Tesouro Intocável E Relutante
Quanto O Resultado De Inspirações
Aspirantes
Imagem: “Serigrafia sem título”, de Antonio Maluf.
Raphael Vidigal
domingo, 18 de dezembro de 2011
Trigo:
“Os santos, cobertos de espinhos.
Os poetas, cingidos de cardos.” Cecília Meireles
Estilhaços Indolentes
rastros
No asfalto
Cravo Pertinentes
traços
Sois paio
Trigo
Triturado
Solene
Rachadura
Bardos Bacos
Diletantes
Harmonias
Instauradas
Sob
Um parco
Tenebrismo
Caravaggio
Raphael Vidigal
Pintura: “O Pequeno Baco Doente”, de Caravaggio.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Vestido Negrume:
“ver que ela estava vestindo uma blusa solta e uma longa saia preta que caía em cascata.” Truman Capote
Você ainda não era você para mim naquele instante
No vão da escada te vi ao alto
Bordas e lustres de euforia abajur
Acenou-me ao virar as linhas
Rodar a saia do vestido negrume
Você ainda não é você pra mim nesse instante
Quando te alcanço
E transito os dedos
Por seios imaturos
Raphael Vidigal
Pintura: “Retrato de Madame X”, de Sargent.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Inventando:
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Vaidade de Escritores:
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
O Verdadeiro Vaidoso:
sábado, 10 de dezembro de 2011
Caminhos:
“Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas, de segurar a maçã no escuro. Me queira bem.” Caio Fernando Abreu
Um dia você vai perceber, que as coisas pelas quais você briga não têm o menor sentido
e o amor já não adianta,
o amor não basta nada.
Pois nessa vida insuficiente completar o vão do outro é mera tentativa brusca-tola.
De repente o único caminho é insalubre,
Dilacerações, despedidas constantes, alegria em gotas
Amor aos borbotões, mas amor aos borrões.
Raphael Vidigal
Pintura: “Two Figures”, de Egon Schiele.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Imprecisas (traduções):
“Saudade é uma coisa azul e amarga, com carne por fora e espinho por dentro.” Caio Fernando Abreu
Greta Garbo
Veronica Voss
Mata Hari
Olho da manhã
Iluminada
Claras luzes
de artifício
Coisas sem motivo ainda acontecem muito muito muito
Como chuva chuva chuva
Pintura: “Carinhoso”, de José Roberto Aguilar.
Raphael Vidigal
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Secreto:
“Por que bares andaste bebendo melancolia?” Manuel Bandeira
Nunca pensei que esses olhos me olhariam,
tão indiferentes
Que passassem por mim como se eu fosse,
um nada
Mas o amor,
reside nos corações selvagens
Mesmo o amor, resiste nos corações
Secreto
Raphael Vidigal
Escultura: “Abandono”, de Camille Claudel.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Diamante:
“quem descobriria sob aquela aparência o dourado violento?” Clarice Lispector
Importa
Como o pássaro
Foi capturado?
Como se lhe
Arrancou
Os dentes?
Como o coração
Cuspiu
As entranhas?
No diamante lapidado
Sem esforço
Não há maior valor
Ou piores atributos
Que o encharcado
De suor
Importa
Que este seja diamante
Ou reflexo em espiral
Ou engano aterrador
Raphael Vidigal
pintura: obra do artista plástico Wesley Duke Lee.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Desvios:
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Misericórdia:
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Sono:
“Neblina...nunca se sabe aonde vai. Só aquele velho diabo, o mar. Ele sabe.” Eugene O’Neill
Permita-me o decoro
Do não toque
Do não afeto
Pois meu amor
Quer toque
Sem contato
Quer afeto
Sem embaraço
Que o meu amor
É decréscimo e vaidade
Beijo defronte espelho
Apaga
No sono eterno
Amém
Pintura: “Paisagem com a queda de Ícaro”, de Peter Bruegel, O Velho.
Raphael Vidigal
sábado, 26 de novembro de 2011
Burburinho:
“E haverá outro modo de salvar-se? Senão o de criar as próprias realidades?” Clarice Lispector
Ouve um burburinho
Silencioso
Apenas ele escutou
E seu Deus morto
Ouve um burburinho
Na sala
Quando Nietzsche
Apostos
Houve um Nietzsche
Na sala
Um burburinho desaparece
Quando
Raphael Vidigal
Pintura: Obra do artista-cientista-plástico Guto Lacaz.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Cavalo alado:
“e sem estrela para me guiar, só a perdição me guiando, só o descaminho me guiando – até que, quase morta pelo êxtase do cansaço, iluminada de paixão, eu enfim encontrara o escrínio. E no escrínio, a faiscar de glória, o segredo escondido.” Clarice Lispector
O encantamento fastio
Desvencilhou-se
Do alarido
Ao lado cavalo alado
Aquém, alheio, apático
Bucólico
Sua coragem vinha de não ter quem se preocupasse
Seu coração vinha de súbitas tempestades
Raphael Vidigal
Gravura: “Cavalo raptor”, de Goya.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Estímulo:
“eu não sou, como eles, treinado a buscar o conhecimento ao estilo de quebrar nozes. Amo a liberdade e o ar sobre a terra fresca; eu preferiria dormir em estábulos a dormir em suas etiquetas e respeitabilidades.” Nietzsche
Um bando
Dos mais célebres
Idiotas
Corresponde melhor a um estímulo
Do que um poeta
Um poeta
Não corresponde a estímulos
Mas de fases
E faces outras
Frases
Coladas e soltas
“cuja cabeça é apenas as entranhas do coração.” Nietzsche
Raphael Vidigal
Gravura: “Asta su Abuelo”, de Goya.
Um bando
Dos mais célebres
Idiotas
Corresponde melhor a um estímulo
Do que um poeta
Um poeta
Não corresponde a estímulos
Mas de fases
E faces outras
Frases
Coladas e soltas
“cuja cabeça é apenas as entranhas do coração.” Nietzsche
Raphael Vidigal
Gravura: “Asta su Abuelo”, de Goya.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Tentaram me capturar: borboletas
“e você meio cego, meio tonto, só sabe que tem que continuar, meio sem esperança, as ilusões despedaçadas, o coração taquicárdico, língua seca, e continuando.” Caio Fernando Abreu
Tentaram Me Captar
Dormindo
Mas Eu,
Sonhava
Tentaram Me Captar Comendo
Eu Vomitava
Tentaram, Por Fim, Me Captar Vivendo
Enquanto
Morria
“É uma borboleta amarela? Ou é uma flor que se desprendeu e que não quer tombar?” Mario Quintana
Raphael Vidigal
Pintura: “Several Circles”, de Kandinsky.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Núcleo:
“cujos olhos verdes avaliadores pareciam lascas de mar, a havia olhado de cima, havia olhado através dela e iluminado o espelho partido de suas vaidades com a luz de um holofote:” Truman Capote
desmascarar Convenções
sociais de Comportamento
nutridas de Hipocrisia
Quero ver esse núcleo
Eu sou o anti-pose
Que por si só
Repousa
Eu sou o anti-lógica
que por si, só
Sonha
Raphael Vidigal
Pintura: Gato e pássaro, de Paul Klee.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Rima:
“no Paraíso não existe nem ética nem política; somente estética.” Nicolas Berdjaev
Poesia não é rima
É feito
Poesia não é som
Efeito
Poesia não é cria
É feita
Poesia é um pretérito
Imperfeito
Poesia é um pretexto
Perfeito
Poesia é um sujeito
É feita do EFeito do imperfeito e do perfeito
“... e uma criança pequena os guiará.” Isaías 11,6.
Pintura: “Nu deitado”, de Modigliani.
Raphael Vidigal
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Lei:
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Mostra:
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Do lado do poço do poço do poço do poço:
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Enigma:
“O segredo da vida é a arte.” Oscar Wilde
Pa
Bo
En
Mei
Pal
A (rra) sta
Quadrado Mágico Imaginário: Porto Alegre Botucatu Engenho de Dentro Meia-Noite
Palmas A Senhorita + Para Bom Entendedor Meia Palavra Arrasta + A Escolha É Tua + !!!
Esteja atento aos sinais, inclusive entre.
Raphael Vidigal
Pintura: “Great Metaphysical Interior”, de Giorgio de Chirico.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Idade do tempo:
“Destruir antes que cresça. Com requintes, com sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõe às outras. Para que não me firam, minto.” Caio Fernando Abreu
Durante um ano a gente se acostuma a chamá-lo por um nome
Água, Águia, Fome
No seguinte,
somos obrigados a adquirir novos hábitos
Sede, Vôo, Morte
E a chamá-lo, a partir desta data,
Novamente,
por uma outra, mais requisitada
definhar-se
Graça
Imagem: Obra do artista plástico Leonílson.
Raphael Vidigal
terça-feira, 1 de novembro de 2011
meias palavras:
“Nossas ruas eram frias
Como os homens desses dias
Engrenagens tão sombrias
Esquecidas pelos deuses
A pulsar em vão” Arrigo Barnabé
em meias palavras; em duras verdades
o jacaré é o inventor da lagartixa
da qual a cobra ainda sobrevive
em meias palavras; em duras verdades
cada hora a foice se aproxima
espera solene o fecho da cortina
em meias palavras; em duras verdades
quem foi louco há muito se inicia
no rito fantástico que os aglutina
em meias palavras; em duras verdades
há de me dizer narrador quem desconhece a vida
e vê na morte a única guarida
em meias palavras
as duras verdades
que escutei ourives
que escutei alferes
que apontei o dia, o sol,
cria Tua.
Raphael Vidigal
Pintura: “Dança”, de Mario Cravo.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Fazer o que se espera?
“O movimento das rodas me desanuvia os tendões duros. Os navios me iluminam. Pedalo de maneira insensata.” Ana Cristina Cesar
Alumbraram o deslumbramento
Pede passagem
Assim sem linguagem
Sintaxe do ser
Sentido nicho
Barriga do umbigo
Pectíneo!
Uma a uma
Todas as pessoas
(primeiras, segundas, terceiras)
Eu desapontei.
Raphael Vidigal
Pintura: "Series I, No. 3", de Georgia O'Keeffe.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
maior sentimento:
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Canto:
“A rosa não tem porquês.
Ela floresce porque floresce.” Ângelo Silésio
O coelho que gosta de canto
É o gato que gosta de canto
É o cachorro que gosta de canto
O canto do pássaro é o outro canto
Do coelho, do gato, do cachorro
Um se esquiva, nas quinas
Outro amostra, nas notas
Pintura: Três bocas molhadas, de Hans Arp.
Raphael Vidigal
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Surpresa:
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Título auto-explicativo: A Eternidade Das Palavras (Maleáveis) Frente À Transitoriedade Dos Gestos (Rijos)
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Um profundo abatimento II: uma certa fome
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Navegar:
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Dedicação:
“Quem faz um poema abre uma janela.” Mario Quintana
Sou homem/mulher de relatos curtos
Não há demérito nenhum nisso
Mario também o era
Apesar da pretensão que tenho,
de ser Clarice
Edson Cordeiro
Edy Star
Lennie Dale
Ciro Barcelos
Guzzy muzzy!
Quero ser como vocês.
“procurei escancarar ainda mais a janela já toda escancarada, e procurava respirar, ainda que fosse respirar de uma amplidão visual, eu procurava uma amplidão.” Clarice Lispector
Pintura: “O Quarto Vermelho”, de Henri Matisse.
Raphael Vidigal
sábado, 8 de outubro de 2011
Iluminação ou Prefácio:
“O autor é um pobre idiota, um medíocre, vive no acaso e no risco, desonrado como uma criança. Reduziu sua vida à melancolia e ao ridículo de um ser que sobrevive degradado, sob a impressão de ter perdido alguma coisa para sempre.” Pasolini
Me Ensina Dançar Como Lennie Dale
E A Morrer Como Charlie Chaplin
E O Canto De Billie Holiday
E A Extravagância Que Vezenquando Nus Ilumina Seres Humanos
Pintura: “O Navio Negreiro”, de William Turner.
Raphael Vidigal
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
cenário gestalt:
“Era uma atmosfera de exaustão luxuosa, como uma rosa em flor perdendo as pétalas” Truman Capote
tudo ofertado resta saber pescar no cenário canário belga-irlandês-pátriamada.
A arte te
tira do
conforto.
O problema do ingênuo é o Incômodo (ser pretensioso.)
O problema da ingenuidade é ser pretensiosa.
É impressionante como o ser humano é ridículo
E ainda assim
Não tem humildade
Gestos externos
compensam (a fraqueza) de intentos internos
disso faz-se troça faz-se troço
dá-me troco
poesia é força
das
palavras
ou
ego frágil
Entre a idéia e a ação
há um desmanche
há um deslize
há um desfalque
a gente sabe quando vai morrer
ou a gente sabe quando está morrendo?
Deus ex machina
Música: “Dança das Horas”, de Ponchielli.
Pintura: “Maurice de Vlaminck”, de André Derain.
Raphael Vidigal
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Contemporaneidade:
“A moral moderna consiste na aceitação das normas da época. Mas para um homem culto aceitar as regras de seu tempo é a mais grosseira das imoralidades.” Oscar Wilde
Cabeça dura
Quebra
Con gelo
Mão de ferro
Cura
Anestesicamente
Unha de fogo
Pára
O trânsito
De animais silvestres
Que aqui se instalam
Assustados
Com qualquer
Nova idade média moderna ou
Conterrânea.
Pintura: “O Jardim das Delícias”, de Hieronymus Bosch.
Raphael Vidigal
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Novos suportes:
“Me levanto com dignidade, subo na pia, faço um escândalo, entupo o ralo com fatias de goiabada.” Ana Cristina Cesar
Internet campo de isolamento dita dor
TV e rádio campos de contato ditatoriais
Em tudo impera a ditadura
Onde há espírito corrompido
Por ácidos imperais empresariais republicanos
Só a anarquia pessoal modifica os parâmetros suportes colchões colchonetes camas
beliches duas salas chão de esquinas
onde vamos deitar os lençóis que envolvem a pele já cheirada de azedo
Pintura: “Symphony No.1, The Transcendental”, de Richard Pousette-Dart.
Raphael Vidigal
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Aflição:
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Mantra da Eternidade:
“Permite que volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.” Cecília Meireles
A última vez que a vi
Eu a vi depois
No leito de morte
Eu a vi depois no leito de morte
No leito de morte eu a vi
A última vez que a vi
Tinha os cabelos compridos
Eu a vi depois no leito de morte
Eu a vi depois
No leito de morte
A última vez que a vi
Tinha uma luz luzidia
As dores lhe pertenciam
Eu a vi depois
No leito de morte
A última vez que a vi
Tinha uma luz que encobria sombras
E os cabelos floresciam castanhos
E o rosa do seu vestido encantava o salão
A última vez que a vi foi sonho
Eu a vejo agora
Todas as noites
Todas as manhãs
Todo fim de tarde
Todo pôr do sol
Toda escuridão
Toda luz
Eu a vejo sempre
“Toda vez que um sino toca é porque um anjo ganhou asas” Frank Capra
Pintura: Obra do artista plástico Joseph Cornell, “Medici Princess”.
Raphael Vidigal
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Larga:
“asas de anjo enlameadas cobertas com a sujeira azul pálida do paraíso” Jack Kerouac
(Ai que dor larga!
Não adianta você dizer
- que está tudo bem
Eu vejo nos seus olhos
Os olhos são a fronteira da alma.)
Dói demais
Na negação implícita da sua boca
Que beija sem querer beijar
Nos gestos
Que tocam em meio à contenção
E no segredo dividido
Entre esses dois corações
Que um dia formam o mesmo.
Partido. Retalhado. Violado.
Raphael Vidigal
Pintura: Urutu, de Tarsila do Amaral.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Oração:
“nos caminhos que existem dentro das coisas transparentes.” Cecília Meireles
Harpa
Harpia
Farpa
Que Wagner possa adensar seus ouvidos
Que Strauss possa esparramar a vertigem em sua cama
E que à noite você possa dormir ao som de Chopin
Sob o relevo de Mozart
Harpa Harpia Flauta
Cravo Canela Doce
“As cores são a chave, os olhos o machado, a alma é o piano com as cordas” Kandinsky
Raphael Vidigal
Pintura: Moonlight, de William Turner.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Cartão para Alessandra:
Veio vontade por presente
Mais: d’ar a você
Mas eu só sei amarrar palavras
E desamarrá-las em seguida
Atravessando-se as geleiras
Amanheço dádiva de origem
Talvez só queira dizer: Amor
“como uma noz de vidro
que quebra na rocha
e por ali, em um trovão, entrou a luz” Pablo Neruda
Pintura: “Vaso de Flores”, de Vicente do Rego Monteiro.
Raphael Vidigal
domingo, 18 de setembro de 2011
Resumo da Ópera:
Qualquer desato já é um ato
Amar não é perdoar erros desculpáveis, mas os imperdoáveis
O que me falta não é raro encontrar
O que me consta é bem difícil de achar
O que me falta? amor
O que me sobra? Dor
Dor que eu tenho jamais irá se assemelhar, a qualquer outra
amor que me emburaca, ela guarda.
“Eu gosto de sentir as formas do seu corpo
Dos seus ossos
E de sentir o tremor firme e doce
De quando lhe beijo
E volto a beijar
E volto a beijar
E volto a beijar” e. e . cumings
Escultura: “Apollo e Daphne”, de Bernini.
Música: Ressaca, Yamandu Costa.
Raphael Vidigal
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Âmago:
“me dá
Tudo aquilo que
Não gostas em ti.
E eu farei com isso
Um prazer tão grande
- Mais lindo que as nuvens
Da alvorada clara!”Manuel Bandeira
No âmago do mundo
A dicotomia vida e morte
Há como falar da vida sem falar da morte?
E há morte sem um dia vida?
Um segundo
Um miligrama
Um milímetro
A pequenez abarca a solidariedade
Do que é sólido e inflexível
A vida não se permite sem alternativas
A morte não faz concessões para a vida
Ela finda
Dita fita linda viva morra
Raphael Vidigal
Pintura: Jeune Fille Se Defendant Contre L’amour, de Bouguereau.
Música: Lenda, de Arrigo Barnabé.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Naquela mesma tarde vazia havia um muito de amor:
“Sou brega e assumo. Gosto de palavras como ´ingratidão’.” Cazuza
Percebido que a gente consegue é se desmoronando.
Enfiando nossa faca completamente afiada no outro e se desfazendo.
Saindo de lá acuado, com o único recuo que nos é confortável.
O da experimentação imaterial, imoral e imutável.
O da compreensão supraterrena.
Da vida do outro na nossa vida nos modificando para além seja lá o que nos espere.
Já não existe movimento sem queda.
E que ele seja doce amargo sutil destemperado extremo sem coloquialidade sem restrição muitos dilemas defeitos deveres são seres humanos
sem sermos amor
Pintura: Agony, de Gorky.
Raphael Vidigal
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Correnteza:
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Felicidade:
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