O
dia que nunca mais amanhecia agora estava sempre escuro. Uma película fina,
como um nervo exposto, o cobria de uma extremidade a outra. Prudente, o rosto
aquilino procurava se aproximar, num esforço que apenas tratava de deixá-lo
mais esgarçado. Nada mais poderia melindrar aquela hipnose. Compreendeu que
quando as coisas acontecem, elas acabam. Ao ganhar o fim da realidade, ela
desmanchara, pois tudo tinha se desfeito naquela concretude.
Raphael Vidigal
Escultura: obra de Camille Claudel.
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