segunda-feira, 17 de junho de 2019

Iluminura



O dia que nunca mais amanhecia agora estava sempre escuro. Uma película fina, como um nervo exposto, o cobria de uma extremidade a outra. Prudente, o rosto aquilino procurava se aproximar, num esforço que apenas tratava de deixá-lo mais esgarçado. Nada mais poderia melindrar aquela hipnose. Compreendeu que quando as coisas acontecem, elas acabam. Ao ganhar o fim da realidade, ela desmanchara, pois tudo tinha se desfeito naquela concretude.



Raphael Vidigal

Escultura: obra de Camille Claudel.

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