segunda-feira, 2 de abril de 2018

Despacho



Encerrado em meu 1º quarto
Tão só como o último filho...
O fogo-fátuo me serve de aparato,
Enquanto a perna acolhe o infinito...

Pendei as cruzes crespas da velhice
Pela esperança calma da infância...
Adoeci a cada primavera,
Tornei-me são quando a aurora queima...

Como a cigarra ignorei o trabalho
Se hoje canto é por apego ao belo...
Bem sabe o monge em seu relento pleno,
Morrer é tudo o que se faz na vida...


Raphael Vidigal

Pintura: obra de Matisse.

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