A
seriedade veste roupas largas, compridas, escuras,
Trazidas
de Portugal.
Deixa-nos
como bobos,
Neste
calor dos trópicos.
Nem
bufões e nem palhaços,
Tão
somente homens e mulheres de negócios.
Aos
píncaros do coração em pandarecos,
E o
suor nas coxas.
Mas a seriedade
não veio para brincadeira,
Veste
roupas azedas, tristes, graves,
Trazidas
de Portugal.
Ficamos
em salseiro,
Sem
saber como se quebra o coco,
Afinal
somos a colônia
Fiel
colônia.
Colonizados
comemos peru com o rosto em lágrimas
Pingos
espessos como sangue de frango ao molho pardo,
E
cumprimentamo-nos com cuidado,
Para
que não se amasse a gravata,
Nem o
vestido de muitas guirlandas.
Somos
árvores de Portugal,
Aqui
plantadas
Trazidas
como os escravos,
Como
mangas.
A
seriedade veste roupas largas,
Donde
um olhar matreiro espia por seu buraco,
E diz:
– Vem cá, portuga!
Vê se
vira sapo,
Nesta
terra em que tudo planta, tudo colhe
E tudo
se dá,
Não
basta plantar bananeira
Tens
que ser muito macaco,
Vê se
separas o joio do trigo,
Para
não pagares o pato!
Raphael Vidigal
Pintura: Obra de Toulouse-Lautrec.
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