sábado, 23 de junho de 2012

Choro:



“o amor, caro colega, esse não consola nunca de núncaras.” Carlos Drummond de Andrade


Saiba que te amo, (te amei desde o princípio)
Saiba que te canto. (te cantei desde o início)

Engulo as minhas bobagens,
E o pranto.

Perdoa as minhas bobagens,
E durma com os anjinhos.

Que te beijo, mesmo
À distância.

Queria te contar um monte de coisas....saiu matéria minha no ‘hoje em dia’, fiquei sabendo agora de noite. Não vi.
Tá tudo ruim,
Choro.

Minhas unhas cortadas
Arranham os bolsos de dentro do meu paletó.
Depois arrumo, colo, faço o que é preciso – necessário.

Quando você diz ‘eu te amo’, eu suspiro.
Porque o meu ‘deseja ser amado’ se impõe sobre a ra-cio-na-li-da-de.

O amor privilegia poucos. É preciso coragem pra aceitar suas dores.
A maior prova é a dor, sempre.

Os caminhos tortuosos também levam a algum lugar.
Se esfarelando.

Já não consigo mais ficar de pé
Sem que os joelhos tremam
O medo me acompanha
Engoli-me num furacão deserto
Resta o pó dos meus dias felizes...

Tem compaixão de mim
Essa alma esburacada
Vil
Ajuda-me a encontrar
O oásis que nutria meus sonhos
Assim tá difícil
Tá ruim
Suicido.

Beijos. Boa noite. Saudade


Raphael Vidigal

Pintura: detalhe do quadro “As Três Idades da Mulher”, de Klimt.