segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Sombras e vultos:
“Também nem tudo é assim escuridão.” Hilda Hilst
Um vulto
Pode-se ver
Uma sombra
Clara, luz, solar
Torna-se manta
Raphael Vidigal
Pintura: “Melancolia”, de Edvard Munch.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
poema oculto ou Ocultismo:
“Parece que existem em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxuleante” Bachelard
meu prazer
é descobrir
a sonoridade
oculta
das palavras
como almas curtas
extraviam-se
notas, sons
pausas longas
hão de nos dar
(inundar-se-á)
a devida inflexão (ou seria ambição?)
(ou seria visão?)
salvo sentença
deste dito
meu amigo
foste, eu, um esquilo
chamar-lhe-ia-me
grilo
deixar, faltar
interseções
para unidos
estejam, desejo
e imaginação
quem quando
dá-se à verdade
percebe engano,
engodo selvagem
infrutífera
irrealidade
quem colherá frutas entre espasmos e rãs?
espere-se as maduras
apodrecidas, te alcançarão!
Raphael Vidigal
Pintura: “Nu descendo a escada”, de Marcel Duchamp.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
caixinha de ouro:
“Il y a toujours
quelque chose d’absente
qui me tourmente.” de Camille Claudel para Rodin
Camille Claudel
Compreendê-la
é guardá-la
caixinha de ouro e marfim
gesso, mármore, bronze
vertem-se regalias
derruba-se a pedra
coração inquieto
Raphael Vidigal
Escultura: “La Danaíde”, de Rodin para Camille Claudel.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Deprê ci ação:
“Fruir uma coisa é amar esta coisa por causa de si mesma” Santo Agostinho
camafeu
cama véu
mausoléu
mau, sou eu?
eu falo do trans ito.
eu invento, minto, ludibrio
poema épico: boiúna [epopéia – partes 1,2,3, quantas forem necessárias]
Quando voltar das sombras
cinzas serpentes bobas
estateladas ao meu redor
hão de seduzir perante minha presença inóspita
Sereis impiedoso ao destruir tuas sementes
No horizonte escrutínio e polimento
serão minhas únicas vestes
túnica de mil labaredas pilares abjetos
suspiro de craviola
insi nua
Raphael Vidigal
Pintura: “Anunciação”, de El Greco.
sábado, 21 de janeiro de 2012
A travessia:
“Mentem demais os cantores!” Homero
A travessia
Rumava longe
Nos corredores
Rumava quente
Nos abajures
Rumava
Sempre
A poesia
rumava perto
dos abutres
um rumo incerto
sem temperatura
pulava ao mar
partia ventres
e então chorava:
vim para dizer o nada
vim para te pedir todo
vim porque venho
e portando,
parto
Raphael Vidigal
Pintura: “Mercadores”, de Lasar Segall.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Perigo:
“Quando a última árvore for cortada,
Quando o último rio for poluído,
Quando o último peixe for pescado,
Aí sim eles verão que dinheiro não se come.” Tatanka Yatanka – Touro Sentado
Capoeira
Naná Vasconcelos
Na ribeira
Um toco
É martelo
Faz do joio
Recolhe-se o trigo
Branda o jongo
Ávidaperigo
Música: “Amazonas”, de Naná Vasconcelos.
Raphael Vidigal
Pintura: “Moisés”, de Frida Kahlo.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Um profundo abatimento:
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Cordas:
“A gente, corpo quase corda.” Tom Zé
Se me assoprava a doce negligência das cordas...
Se me assoprava a doce negligência dos versos...
Pois o intocável é sempre mais bonito.
palavras são para serem sentidas tanto quanto sons, imagens, mãos
Entre o cuidado e a
liberdade há que se haver uma intersecção.
“E o primeiro verdadeiro silêncio começou a soprar.” Clarice Lispector
Raphael Vidigal
Pintura: “Still-Life: Le Jour”, de Georges Braque.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Céu:
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Ouro nas mãos (poema):
“O Amor, ah o Amor! O quero porque quero da vida.” Oswald de Andrade
O amor é uma COISA que precisa ser cuidada
E a gente constantemente se descuida do Amor
Porque, se você mudou comigo,
Porque a minha arrogância não me deixou perceber que eu mudei com você?
Se você se apaixonou pelo meu lado mais Doce
Mais Puro e mais Extravagante (Exagerado até o fio da meada e o meio da fiação)
Porque se tudo isso é a nossa maior Verdade
A gente deixa a crosta do medo soerguer-se sobre a Vida?
Acomodei-me. Tornei-me preguiçoso, indiferente, ranzinza e deixei de lado
A água que para fluir é Natural e precisa de Força e Vontade
Não adianta as pessoas dizerem que eu sou apaixonante se eu não lhe mostrar o meu
Galanteado, meus bons tratos com as palavras, minha Alegria, meu Riso, a Criança que
Habita feliz o meu destino! (E assim nos damos)
Lembrei-me de sua inteligência que assusta e descobri que o Espanto é Beleza
Veio do seu canto a palavra: Seduzi-la.
Sem dramas é que o pior já passou, sem trevas, sem tristeza
Mas na manhã iluminada desse dia novo.
Uma Maravilhosa Coragem cobriu-me de Prazer e Ingenuidade, Vontade, Vontade,
Vontade de ser Feliz e curtir a tarde,
Proporcionar-lhe o meu Colo e a minha Insanidade,
Todos os meus jeitos mais Puros e mais Fortes
Arriscar a vida em troca do Amor.
O amor é uma COISA
Que precisa ser cuidada
E a gente constantemente se descuida do Amor
Faço um convite, jogo-me no escuro
A coragem é minha companheira.
Vou-me embora pro Topo do Mundo
Viver de brisa com a minha flor.
Esse ouro nas mãos.
Do seu admirador mais que não secreto,
Que o perfume das flores nos encharque,
Raphael Vidigal
Pintura: “Model in Backlight”, de Pierre Bonnard.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Mistério:
“I don´t believe in yoga
I don’t believe in mantra
I don’t believe in God
I don’t believe in Freud
I don’t believe in drugs
I don’t believe in sex
I don’t believe in Beatles
I just believe in me” John Lennon
Eu não posso desvelá-lo por inteiro
Eu não quero
Há de haver algum lugar
Para o mistério
Não assumo o papel de detetive
Nem existe
Uma resposta
Que por si só, seja falsa
Verdadeira
Ou sublime.
Raphael Vidigal
Pintura: “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Pesca:
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Doce senha:
“Na quermesse da miséria,
fiz tudo o que não devia:
se os outros se riam, ficava séria;
se ficavam sérios, me ria.” Cecília Meireles
Sua docência
Era ensinar-los a decência
Pois é grande a decadência
Que assola nossos lares
Em dias com poucos pares
Muitos ímpares se fazem
E afinal toda essa sanha
Vê no doce alguma senha
(uma destreza que resguarda)
A combater o amargo
Que revigora os incautos
Enternecidos de sapatos
Que não se calçam
Nem retornam à velha caixa
Assumida em seu armário.
Raphael Vidigal
Pintura: “A Frota Dentro!”, de Paul Cadmus.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Artesanato:
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