quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Artimanha:


“Os poetas não terminam os poemas, eles os abandonam” Paul Valéry

Na minha loucura auspiciosa
Estou me contornando
Admita a fraqueza de suas linhas, penas e curvas
Você não vale mais que intenções dolorosas
E se bastam

Dói demais
Essa maneira covarde
Como quem amamos
vai-seembora

Demorei a perceber a artimanha de Deus
Que manda uns
pra levar outros, embora
como velhos cavalos
estejamos todos sobreavisados
avisto a mola
a propulsão

Nessa eu não caio mais
Nessa eu fiz escola
Não há perdão para a vida
Cuja pregação é a morte

Pintura: A Chave, de Jackson Pollock.

P.S.: Será a morte fim ou continuidade?


Raphael Vidigal

5 comentários:

M. van Petten disse...

Esse texto foi profundo.

E o que é a vida senão um espaço de tempo bonito e breve?
Seres humanos são borboletas em uma escala proporcional a seu tamanho.

Cristiano disse...

Muito bom! Vidigal faz arte, na manha.

Luiz disse...

Muito bacana vidigal!"Não ha perdão para a vida", pura verdade.

Anônimo disse...

Última estrofe do caralho. E continuo achando que a morte é mesmo o fim...

André F.

Alessandra Rezende disse...

"Estou me contornando
Admita a fraqueza de suas linhas, penas e curvas
Você não vale mais que intenções dolorosas
E se bastam "

Adorei esse trecho!
Principalmente a idéia de uma coisa q parece nao ter fim... contorno, curva... me levando a imaginar um círculo.
Nessa perspectiva, a morte seria continuidade. hehehe