sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Encontro:


“Não há vontade para nós que somos
fragmento do assombro,
não tem saída para este retorno
para si mesmo, à pedra de si mesmo,
já não existem mais estrelas que o mar.” Pablo Neruda


Estou indo ao encontro da morte
A não ser que algo me pegue pelo caminho,
algo que não sei dizer,
algo bonito que não procuro
Chegarei a tempo

Esse frio me alarma
E me joga debaixo das cobertas
para escutar Beethoven
Ó que bela necessidade de encontrar o abrigo iluminado
Pela sonoridade abstrata de um rio, um lago
O gênio absoluto posto sob os conflitos
Mais sopráveis
Os quais apenas Deus controla
E só o pequeno homem esnoba

Meu incompleto propõe
Continuidade
Com a tranqüilidade, quem sabe
Do que irá morrer

Pintura: “Celebration”, de Lee Krasner.

Raphael Vidigal

4 comentários:

Gabi disse...

Cada dia melhor Vidi! ;D

Musa disse...

Essa abstração de como é a morte e "a passagem" ficou bem legal. Talvez a forma que você escreveu tenha mascarado um pouco o que estava retratando, mas mesmo com a complexidade, eu achei muito boa. (=

Lalinha Empregada disse...

já nascemos sabendo que vamos morrer!
é a única certeza...

besos calientes

Alessandra Rezende disse...

Gostei da ideia da morte presente em:
frio, debaixo, abrigo iluminado e um lago (aspecto morto). Pelo menos, achei relação com isso...

E gostei do "E só o pequeno homem esnoba"
senti q o homem é insignificante diante das soluções para os conflitos... e indiferente ao mesmo tempo

Beijoss!