coisas
que desapareceram
permanecem
no meu peito –
não
há preparação para a
morte,
cada
vestígio
de
vida...
escorrega
por um anzol e
me
vem como isca acordar
no
meio da noite –
riso
de vergonha,
rubor
de medo,
palpitações
de um músculo
não
pertencem a quem se foi
mas,
ainda assim, coisas que
desapareceram
permanecem
no
meu peito
como
uma ferrugem
o
tártaro no dente
sobre
a parede – branca –
o
mofado, de antes de existirmos
você,
eu, o outro e todos os antepassados.
Raphael Vidigal
Imagem: obra de Jackson Pollock.