Aonde
ir ela própria lateja calma, saliente, distante. Como duas moças abandonadas
num abraço para se proteger do frio. Esfinge de perfil silencioso, bege ao céu,
cinza ao mar. O peito quer escapar. Como pombas da gaiola. Consigo o doce. No
interior isolante e sereno as mãos a aviltar vasilhas de uma pia entupida e
metálica prestes a derrapar em espiral. Por fora a tarde pasma. São escusas as
explicações. É entroncado, braços largos. Corpo lento, anda com dificuldade.
Contrasta a rangente argila do olhar aborígene. Ao final do sol poente,
assusta. Desconhece, ao pisar em ovos
da galinha de ouro. Capenga, a sombra da águia na asa da lua rasga o baldio
terreno. O violão já não toca como quando colocado às costas. Nuvens de fumaça,
cigarros picados. Matas abertas e fechadas. Lhanezas, fratricídios. Penas de
pavão, engodos. Espécies aracnídeas, cobras, grotas, mas isto... É pura
obsessão insensata. Mesmo o violão já não toca como quando colocado às costas.
Atende às batidas.
Raphael Vidigal
Pintura: obra de Hans Arp.
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