Não quero me despedir dessa vida
Ainda sem ter provado a nostalgia,
Sem ter ao menos perdido a inocência,
O olhar doce e perdido de quem olha
para um pé de manga. Não posso
aceitar a mão que acena, retribuir
o gesto de quem já perdeu a vontade
de ficar com o olhar doce e perdido
na estação. Desejo uma única
estrela, sem promessas ou pedidos,
apenas viva. Livre de correntes
e algemas. Assim vou me despedir
dos que esperam pelo final. Com o
começo de um novo dia rajado de sol.
Raphael Vidigal
Pintura: obra de Djanira da Motta e Silva.
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