Nada
nos prepara para a morte
Nem a
doença, nem a idade
Quando
finalmente ou
Rapidamente
chega
O
espanto da morte é igual.
Uma
manhã indo para o trabalho
A morte
correu para me alcançar
E disse
baixinho, no meu ouvido: vim buscar o teu avô.
Então
não mais o riso franco,
O olhar
sereno,
A fala
doce, recheada de ironias,
Os
modos de criança
Que
dizia o que pensava
Amaciando
o peso com humor
A lenta
caminhada
Que
desacelerava carros e relógios de pulso
O dedo
pousado sobre o queixo para lembrar do esquecido
A face
rubra, vermelha como um pimentão,
Quando
a emoção lhe alcançava a alma?
A Vida
apareceu de pronto
Então
compreendi
Mais
calmo
É
exatamente o contrário
Agora
condenso esses momentos
Com a
luz eterna do que se foi.
O vovô
Chico dos meus 12 anos
Que
agarrava as bolas que eu chutava no gol
É o
mesmo que, aos 88,
Caminha
com calma e, com a mesma calma,
Atravessa
a rua de sua casa
Ignorando
qualquer importunação.
Para
sempre os seus pés têm asa
E o
asfalto por onde passa
São
nuvens feito uma rural...
Onde
cabem todos os filhos,
Netos,
a bisnetinha Olívia,
Irmãos,
irmãs, primos e primas,
Amigos,
amigas, cabe até o Juvenal
Tios,
tias, genros, cunhados e noras,
O seu papai
e a sua mamãe,
Anjinho
Gabriel, Vovó Lena
E os
próximos que virão.
Raphael Vidigal
Imagem: Arquivo Pessoal.
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