quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Desprezo


As palavras foram separadas por origem.
E ofereceram para cada profissional um estigma.
Aos padeiros a dignidade.
Às lavadeiras a força.
Aos banqueiros a avareza.
Às domésticas a agilidade.
Aos médicos a ampulheta.
Aos acionistas o tempo.
Aos esportistas o pêndulo.
Às motoristas a velocidade.
Às terapeutas a calma.
Às massagistas a delicadeza.
Aos críticos o senso.
Aos advogados o clima.
Às musicistas o tato.
Aos escritos o incêndio.
E para o poeta o desprezo.


Raphael Vidigal

Desenho: ilustração de J. Carlos. 

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