quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O inferno é mais tolerante


Quem cedo madruga,
Deus ajuda.
Quem tarde se deita,
O diabo aceita.


Raphael Vidigal

Pintura: obra de Caravaggio. 

Revolta das Madeiras


Durante a Revolta das Madeiras, Monsenhor Aroeira,
Quebrou um galho no sentido figurado,
E deu um pau nas tropas inimigas no sentido concreto.
Daí nasceu a expressão, que ‘Aroeira é pau de dar em doido!’.
Ele se ouvisse isso hoje em dia, do jeito que anda rabugento,
Passava um sabão no insolente.


Raphael Vidigal

Pintura: "Brincadeiras de criança", de Pieter Bruegel, o Velho. 

Revolução Francesa


A diferença entre a sombrinha e o guarda-chuva;
Quando garoa a mulher avisa: vou levar a minha sombrinha.
Quando tempestua ela não tem dúvidas: pega no cabo do guarda-chuva.
A palavra dá uma sensação ilusória.


Raphael Vidigal

Pintura: obra de Delacroix. 

“ ”



Para o poeta a falta de palavras é um sinal de perfeição.



Raphael Vidigal

Desenho: obra de Alceu Penna. 

Contabilidade

1


     1.    parafuso a menos;
2   2.    ossos do ofício;
3   3.    nó em pingo d’água;
4   4.    panos pra manga;
5   5.    chuvas de canivete;
6   6.    cara de pau;
7   7.    negócios da china;
8   8.    cachorro amarrado com linguiça;

       tudo pelo preço de banana.

       Raphael Vidigal 

I      Desenho: obra de Alceu Penna. 





!


paz
alegria
saúde
tara e
votos de
bom humor


Raphael Vidigal

Desenho: ilustração de J. Carlos. 

Desprezo


As palavras foram separadas por origem.
E ofereceram para cada profissional um estigma.
Aos padeiros a dignidade.
Às lavadeiras a força.
Aos banqueiros a avareza.
Às domésticas a agilidade.
Aos médicos a ampulheta.
Aos acionistas o tempo.
Aos esportistas o pêndulo.
Às motoristas a velocidade.
Às terapeutas a calma.
Às massagistas a delicadeza.
Aos críticos o senso.
Aos advogados o clima.
Às musicistas o tato.
Aos escritos o incêndio.
E para o poeta o desprezo.


Raphael Vidigal

Desenho: ilustração de J. Carlos.