Uma certa tristeza está pregada nos andares.
Uma tristeza que não se sabe bem se é exata ou
indefinível.
Uma tristeza está pregada nas paredes.
Uma tristeza está suspensa por andaimes.
Uma tristeza entre o desejo de Cabral e o
caminho das Índias.
Uma tristeza igual ao sofrimento de Napoleão,
de Cristo, dos vikings.
Uma tristeza como à infligida por Salazar,
Pinochet, todos os tiranos, Hitler.
Uma tristeza artesanal, maquinada, escrita.
Uma tristeza que é de Israel e da Palestina.
Uma tristeza desumana, de carne, osso,
entranhas, fígado.
Uma tristeza escultural, obra de Rodin, Gaudí,
Claudel, Aleijadinho.
Uma mancha triste.
Sobre milhares de corpos: mutilados, congelantes,
hirtos.
Raphael Vidigal
Pintura: "A Santíssima Trindade", de El Greco.
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