Mãe,
Não
me peça uma palavra
De
fruta, talher e cozinha,
Eu
descasco e nem a água,
É
capaz de lavar essazinha.
É
possível que a essa altura,
Espreitando
em meio às formigas
A
palavra como açúcar
Se
derreta e adoce sozinha.
Pois,
mãe, o amor de um filho,
É
grande e inexplicável,
Quanto
maior o amor,
Pior
A
palavra não explica,
Mais
turva é a poesia
Foge
como formiga
Escapa
como água
Cai
como batata
Explode
como mexerica!
Dos
mesmos pés que no ventre
Chutaram
essa barriga.
Raphael Vidigal
Pintura: "Virgem e a criança", de Cesare Vecellio.
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