um corpo que sofre
é um corpo que vive
e que só não sofre
se a morte o extingue
Raphael Vidigal Aroeira
Imagem: obra de Potty Lazzarotto
um corpo que sofre
é um corpo que vive
e que só não sofre
se a morte o extingue
Raphael Vidigal Aroeira
Imagem: obra de Potty Lazzarotto
pé de galinha
espírito de porco
em
duas linhas
um poema anônimo
língua de sogra
teta
de vaca
assim
escapa
no
vão da anágua
uma
mancha, uma palavra
ou
só o pó da senzala
escrava, filha da gramática
ou
mãe de toda expressão
que
cava, caça, procura
uma
ninharia
feita
de espasmos
pé de galinha, linguagem escrava
a
centelha acesa
no vão
da anágua
toda
palavra almeja
ao
que escapa
mancha
procura
espasma
(No
umbigo) do mundo
Uma
mão que datilografa
os papiros árabes
de
redes
artificialmente conectadas
não
sou nenhum bandeira
mas
às vezes chego à beira
ora,
estou bem longe de andrades
e
até já causei certo alarde
que
me perdoem os drummondianos
e
todos os cantos gregorianos
(barrocos
e contemporâneos)
pela
audácia – doce disparate –
desses
literais enganos...
Raphael Vidigal Aroeira