As
cartas de nossa época já não têm mais o langor de outrora.
As
cartas de nossa época já não demoram.
Tampouco
exigem paciência e calma.
As
cartas de nossa época não atravessam mares na garrafa.
Jamais
conhecerão o bico de uma pomba.
Ou
a asa da espera na solidão distante.
As
cartas de nossa época mantêm apenas a tentativa
de
se recuperar a perda através das palavras.
Que
é o destino de todas as cartas.
Raphael Vidigal
Imagem: obra de Tarsila do Amaral.